Apresentação

O bom cinema é sempre um precioso instrumento para reflexões e aprendizados políticos e culturais. E promover reflexões e aprendizados no ambiente universitário, não por acaso, é um dos principais compromissos do PET-Programa de Educação Tutorial implementado pela SESu/MEC.

Este Blog é uma produção do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, que foi criado e é operado pelos bolsistas do Grupo PET-Farmácia/Saúde Pública da UFRJ. E, com alguns poucos filmes selecionados, se pretende estabelecer um espaço e um momento para o intercambio e a disseminação de experiências e informações sobre o universo petiano.

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

DOGVILLE

5 comentários:

  1. Sinopse
    Anos 30, Dogville, um lugarejo nas Montanhas Rochosas. Grace (Nicole Kidman), uma bela desconhecida, aparece no lugar ao tentar fugir de gângsters. Com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany), o auto-designado porta-voz da pequena comunidade, Grace é escondida pela pequena cidade e, em troca, trabalhará para eles. Fica acertado que após duas semanas ocorrerá uma votação para decidir se ela fica. Após este "período de testes" Grace é aprovada por unanimidade, mas quando a procura por ela se intensifica os moradores exigem algo mais em troca do risco de escondê-la. É quando ela descobre de modo duro que nesta cidade a bondade é algo bem relativo, pois Dogville começa a mostrar seus dentes. No entanto Grace carrega um segredo, que pode ser muito perigoso para a cidade.

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  2. Esse filme demonstra a capacidade do ser humano de explorar e abusar de outras pessoas que apresentam algum vínculo de dependência.

    E é exatamente isso que acontece nas relações comerciais entre os países desenvolvidos e os países de terceiro mundo, nas relações de trabalho (principalmente nas funções que exigem menor grau de escolarização), nas relações entre as corporações e os consumidores.

    Historicamente, a humanidade sempre realizou esse tipo de exploração de forma explícita. Contudo, com a evolução da filosofia e da educação, tornou-se vergonhoso cometer esses abusos.

    Atualmente, as coisas já não são tão óbvias, mas a exploração continua. A diferença é que todos tem justificativas para continuar com tais ações de cabeça erguida (assim como no filme):

    "O emprego é pesado, mas é um emprego. Melhor ganhar pouco do que nada."

    "Pagamos esse salário porque a pessoa não é qualificada."

    "As grandes empresas trazem empregos e crescimento para os países de terceiro mundo que as recebem."

    "Nós exploramos a natureza e a sociedade. Mas temos projetos de responsabilidade social e ambiental."

    Etc, etc...

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  3. O filme incomoda bastante. Primeiro por indignação com todo o tipo de crueldade que a protagonista sofre, depois quando percebemos porque ela se submeteu a tudo aquilo e em seguida por nós mesmos que nos alegramos com o fim que leva a cidade.
    Existe a abordagem do altruísmo versus a relação do quid pro quo, comum nas relações sociais, que levanta a questão se as trocas são justas, se são equivalentes mesmo os favores e quem vai ser capaz de definir isso. E será que o ideal não seria a solidariedade?É ruim notar que todo o raciocínio envolvido nas nossas tomadas de decisão leva em consideração o ganho pessoal e como seria difícil se desfazer desse pensamento. Como se não bastasse isso para nos aproximar dos moradores da cidade, existe a leitura do personagem Tom. Ele parece representar as pessoas mais instruídas da sociedade, tem certa liderança e responsabilidade, mas é o que mais decepciona. Ele discursa sobre suas teorias e idéias, mas se omite quando uma ação é exigida. Essas conclusões causam bastante desconforto que só aumenta quando se sente satisfação com o massacre no fim o que nos aproxima da protagonista, então no final das contas não há como julgar se agimos igual.

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  4. O filme ilustra a natureza humana!
    A triste realidade da maioria das pessoas, do inconsciente coletivo, Grace ,de vítima a justiceira, se estivéssemos em seu lugar, acredito que muitos de nós faria-mos o mesmo que ela, poucos, pouquíssimos, seriam piedosos.
    Da exploração por parte de quem no começo queria ajuda-la, mas depois achou que ela era sua propriedade, a que ponto chega a alma humana, não gosto desse tipo de filme, por que as situações que ela passou, por muito menos, não gosto nem de pensar...mas gostei do final, olho por olho, dente por dente, pé por pé, mão por mão, aliás esse é o problema do mundo, a vingança nunca é plena... todos sabem o resto, não é bem cinema, mas é clássico, e faz refletir...mas foi Deus mesmo quem disse aquilo, não eu, está na Bíblia.

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  5. O ritmo do filme incomoda. Você segue esperando por um acontecimento que vá satisfazer suas expectativas e sua sede de vingança. Aliás... Você toma as dores por alguém praticamente inerte. Essa é minha opinião sobre Grace. Sofreu tudo aquilo sem qualquer reação explosiva...

    O que podemos (e devemos) entender pelo filme é a questão das relações humanas. Do como alguém pode se aproveitar do outro a fim do benefício próprio. O lance do cenário é encantador... Me passou a idéia de que todos sabem o que acontece na cidade.. Só não querem se intrometer. Cada um com o seu problema. Daí levanta-se a discussão sobre sociedade. Na hora de decidir sobre a permanência de Grace no vilarejo todos se reúnem em interesse comum, mas porque é seu interesse próprio ser beneficiado com aquilo. Poucos se interessam pelos problemas alheios.

    O personagem Tom é outra peça fundamental... Sem tomar qualquer atitude, deixa tudo acontecer. É permissivo. Acho que representa todos nós, de maneira menos emotiva, no momento em que esquecemos ou fingimos esquecer que são atitudes que mudam o mundo e não apenas idéias ou opiniões. Temos que agir. Temos que cobrar por atitudes, temos que mudar nossas atitudes. O papel da educação é fundamental nessa formação de caráter. E aí entra a importância da educação escolar.. De como os professores exercem um papel de extrema importância e, embora muitos ou todos saibam disso, não o tem realizado... Já comentamos sobre a falta de verbas, sobre a defasagem do método de ensino, sobre o desinteresse do corpo docente e discente. Mas falta agir. Mudanças a passo de formiga, que demoram 10 anos para se estabelecer e, quando se estabelecem, já estão defasadas. Exemplo claro disso é o currículo de Farmácia da UFRJ (e pelo que bem sei é o mesmo problema enfrentado pelo país afora). Após quase 4 anos de implementação, sofreu mudanças de disciplinas. Cortes, diminuições de carga horária... E, por mais que a idéia do currículo seja melhor que a do anterior (opinião particular), o tempo que essa mudança leva para acontecer, a burocracia que é enfrentada, faz com que essa idéia já seja ultrapassada no momento que começa a ser executada!

    Mas voltando ao eixo central do filme, talvez ainda nos falte um bom senso de coletivo. Uma boa idéia do que seria viver em sociedade, respeitar e ser respeitado sem assim representar sermos inertes a situação do próximo ou não nos envolvermos com os problemas do coletivo.

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