Apresentação

O bom cinema é sempre um precioso instrumento para reflexões e aprendizados políticos e culturais. E promover reflexões e aprendizados no ambiente universitário, não por acaso, é um dos principais compromissos do PET-Programa de Educação Tutorial implementado pela SESu/MEC.

Este Blog é uma produção do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, que foi criado e é operado pelos bolsistas do Grupo PET-Farmácia/Saúde Pública da UFRJ. E, com alguns poucos filmes selecionados, se pretende estabelecer um espaço e um momento para o intercambio e a disseminação de experiências e informações sobre o universo petiano.

O egroup CINEMAPETIANO é um complemento deste Blog. Inscreva-se através do box ao lado.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A ONDA

9 comentários:

  1. Sinopse
    Um professor do ensino secundário encarrega os seus alunos de levarem a cabo uma experiência fora do comum, sobre como é viver num regime ditatorial. A experiência começa a atingir proporções inesperadas quando é formada uma unidade social com vida própria.

    ResponderExcluir
  2. Logo no início do filme já nos damos conta do que vem por aí: um professor "anarquista" encarregado de ensinar alunos inscritos num curso sobre autocracia.O filme se passa na Alemanha, no qual o grande exemplo do passado - Terceiro Reich - já remete os alunos ao que seria uma autocracia.
    O interessante, porém, é o rumo que a atividade toma, talvez pela influência da figura do professor ou talvez pela própria falta de um movimento tão "unificador" na comunidade jovem.
    Acredito que o grande encanto do filme seja o paralelo traçado entre a educação/papel do professor (este que talvez tenha sido apenas o gatilho do processo que acabou criando as próprias pernas).
    A semelhança com os "Grupos PET" existente em diversas faculdades brasileiras é transmitida pela liberdade de atuação, pela individualidade que deve existir até mesmo dentro de um grupo. Nos mostra como é possível um ideal movimentar tanto os jovens e o quão carentes somos de um movimento revolucionário - mesmo que essa revolução nos leve para um lado "sombrio".
    Taí então o que poderia ser comparado com a "Educação Tutorial" - uma maneira inovadora (como a experiência no colégio alemão foi), unificadora e individual (trabalhar cada elemento do grupo indivudualmente), ao mesmo tempo que nos ensina a manter um grupo, a encontrar um ideal comum e que esse ideal seja capaz, por si só, de gerar aprendizados (vontade de aprender, experimentar) e resultados.

    ResponderExcluir
  3. No filme vemos a criação de um movimento comandado por um único indivíduo com a intenção inicial de exemplificar autocracia. Neste grupo a maior parte dos integrantes, cada um com sua justificativa, acatam todas as decisões do líder e lutam pela continuação do grupo.
    Nós que vivemos em uma democracia, se olharmos para nossa realidade observamos que em diversos momentos somos submetidos a uma autocracia. Visto que a falta de senso critico e mobilização contrária à atuação de governantes, diretores e indivíduos que exercem algum poder sobre um determinado grupo os deixa livres para atuarem como julgam mais conveniente.

    ResponderExcluir
  4. No filme um professor deve ensinar seus alunos sobre autocracia e, para isso, propõe uma experiência: reproduzir o regime ditatorial. A dinâmica presente já não está muito distante do seu objetivo. Existe um líder, o professor, que tem a autoridade imposta e irrevogável sobre um grupo de alguma forma inferior. Assim é a sala de aula. E o papel do professor como educador, disciplinador, de transmitir os conhecimentos de forma clara, de servir de exemplo. Assim também é o externo à sala. Em todos os grupos existe um líder, alguém escolhido ou alguém que se “impõe” por tomar iniciativa em atividades, ter carisma etc.
    O experimento funciona muito bem, todos aprendem na prática sobre o regime, mas com conseqüências negativas é visível que pertencer a um grupo dá força ao indivíduo. Unindo a experiência pessoal de cada um, suas vidas e a idéia de superioridade e poder, ele será capaz de intimidar, ameaçar e até mesmo agredir os demais. Ou irá questionar os princípios desse regime e todo resto. Mais uma vez é o que ocorre nas salas de aula, na Universidade, na sociedade.
    No entanto, tanto dano causado mostra que não é necessário fanatismo, seguir cegamente um líder, uma idéia. Mesmo na democracia, quando a maioria escolhe, cabe a cada um manter sua individualidade e fazer suas escolhas. Então, o que falta são líderes que possam indicar todas as direções e escolher nenhuma. Líderes imparciais, porém não impessoais.
    O problema está na descrença e também no medo da ilusão. É fácil discursar sobre idéias de liberdade, igualdade e justiça. É fácil criticar a sociedade, a escola, o governo e despejar soluções para que tudo melhore. Porém, conhecer a realidade impede a realização total dessas idéias. Como visto o regime não altera o indivíduo, pré existe a natureza de cada um.

    ResponderExcluir
  5. O filme “A Onda” nos relata um experimento feito por um professor para mostrar aos seus alunos como funciona a autocracia. Em nossa vida universitária, o filme traz uma crítica de como o professor tem responsabilidade pelo ideal que prega aos seus alunos, o quão forte é a sua opinião para a formação destes. Assim, também ocorre no grupo PET, como um programa de educação tutorial, os valores passados pelo nosso tutor são importantes para nosso desenvolvimento científico e, por muitas vezes, também social e cultural. Debates, críticas ou mesmo leitura de acontecimentos mais importantes na sociedade nos fazem enxergar melhor o que está acontecendo, desenvolver uma visão crítica e não apenas viver alheio ao mundo.

    ResponderExcluir
  6. "Ou irá questionar os princípios desse regime e todo resto. Mais uma vez é o que ocorre nas salas de aula, na Universidade, na sociedade."

    O filme é de 2008 e eu assisti no cinema, então não tenho lembranças muito vívidas, mas me parece que dentro da história ninguém questionava os princípios do regime. Todos apoiavam cegamente o que acontecia ali e aqueles que adotavam uma postura crítica e reflexiva eram excluídos do grupo.

    E acredito que o mesmo ocorra nas salas de aula das Universidades e na sociedade. Quem é contra o pensamento "vigente", inconscientemente ou não, será excluído.

    O fato de estar em um grupo não costuma fortalecer o senso crítico das pessoas, visto que o próprio processo de formação de um grupo passa por identificação de semelhanças e pelo estabelecimento de uma unidade.

    Para manter essa unidade, aqueles que não estão em conformidade com a cultura praticada pelo grupo são marginalizados.

    O mais crítico em relação à Universidade é que, em tese, deveria ser um espaço aberto à discussão, ao debate, à diversidade de opiniões. Mas não é. Aqueles que se posicionam de modo contestador são prejudicados e sujeitos a retaliações.

    "Então, o que falta são líderes que possam indicar todas as direções e escolher nenhuma. Líderes imparciais, porém não impessoais."

    Discordo desse ponto de vista. Para ser líder de alguma coisa é preciso seguir alguma coisa, não? O que falta na política brasileira é justamente isso: líderes que sigam alguma ideologia. Não existe mais esquerda e direita. Não existem mais propostas conflitantes. As coligações são as mais promíscuas e diversas nos diferentes estados. Imparcialidade parece um artifício para agradar a todos. Eu não acredito que imparcialidade exista. É preciso ter uma convicção.

    Já a impessoalidade... É justamente disso que nós precisamos. Precisamos que as regras sejam aplicadas de maneira uniforme para todos na sociedade, de forma clara. Precisamos que as solicitações sejam avaliadas de forma semelhante, não importando sua autoria. Estou cansada desse sistema que funciona à base de favores, de amizades e de conchavos.

    "Como visto o regime não altera o indivíduo, pré existe a natureza de cada um."

    Dentro do meu ponto de vista, o regime altera o indivíduo. Não através da modificação de sua essência, mas através do condicionamento de seu comportamento. Um sistema ruim pode corromper as pessoas. Muitas pessoas entram no serviço público querendo fazer um trabalho honesto e sério. E muitas delas acabam entrando no ritmo do funcionalismo público brasileiro. Isso não significa que as pessoas se transformaram em sua índole, mas que elas se renderam à cultura do ambiente. É muito difícil estar imerso numa sociedade completamente dissociada do que você pensa e se manter estéril a ela. As pessoas acabam se contaminando.

    Eu não sei qual é a solução. Nem sei se tem uma solução pra isso tudo. Mas a grande lição que eu aprendi na Universidade é: se você não está de acordo, se retire, porque a situação está muito conveniente para todo mundo e você é que é o problema.

    ResponderExcluir
  7. Deixei para comentar este filme depois de uma discussão que estava marcada para hoje à noite.
    Conversei com uma candidata à deputada estadual e com um candidato à deputado federal, há pouco.

    São canditados com ideais, que acreditam no Brasil e têm algo à oferecer para a sociedade. Pautam sua campanha na discussão de idéias e defendem o que acreditam. Não vemos mais, hoje em dia, muitos políticos com uma verdadeira bagagem política. Vemos candidatos-relâmpago, vendidos à população por outro político, já antigo. Associado à isso, lobbies e dinheiro para comprar, direta ou indiretamente, votos. E assim cai, de pára-quedas, um marionete na câmara, no senado e, quem sabe, na presidência.

    O regime instaurado no filme apresentava uma quebra semelhante: não se discutiam objetivos, metas, etc. O movimento existia per si, um "existo, logo existo". Sem saber pra onde ir, de onde veio... No melhor estilo "camarão que dorme a onda leva".

    E a Universidade, e mesmo o PET (como programa de governo) refletem o que acontece na sociedade e na política. Não há espaço para discussão. A opinião contrária é renegada, nem se quer tem chance de ser aceita. E os agentes dessa rejeição são, de algum modo, beneficiados por este sistema.

    No filme, o benefício se limitava ao orgulho de se fazer parte de um grupo "forte", mesmo que artificialmente forte. E na idade dos alunos, de desenvolvimento psicológico e necessidade de auto-afirmação, "a onda" era um prato cheio.

    ResponderExcluir
  8. A Universidade, a princípio, deveria ser uma fonte de formação, não só de profissionais, como de cidadãos; ou seja, deveria ser ela a responsável por formar indivíduos globalmente.
    Aliado a isso, está o fato de que o ensino deveria ser formado por aqueles que, teoricamente, são os diretamente interessados por ele: os próprios alunos. Isso exigiria, obviamente, uma atitude ativa desses, participando e, mais que isso, cooperando com a aplicação dos ensinamentos.
    Entretanto, o que se vê são os alunos ocupando uma posição passiva, frente a um "detentor do conhecimento", o professor, que acaba, dessa maneira, tornando-se um detentor do ensino também.
    Conseq üentemente, a formação dos cidadãos também se dá por prejudicada, uma vez que aprisiona o ensino dentro de salas de aula e não há o estímulo ao aluno para que integre seus aprendizados à sociedade.
    No filme "A Onda", essa relação líder-subordinados, que se observa no sistema vigil de ensino brasileiro, é simulada através da criação de um regime autrocrata por um professor dentro da própria sala de aula para a explicação do próprio; sendo ele o líder e seus alunos, os subordinados. Paradoxalmente, há, entretanto, uma cooperação entre os seguidores para o funcionamento do regime, que ressalta a individualidade e contribuição de cada um.
    Nesse sentido, vemos uma aproximação com os ideais dos grupos PET, que visando a manter compromissos epistemológicos, pedagógicos, éticos e sociais em cursos de graduação, exigem que seus integrantes possuam atitude e possam contribuir de alguma forma com o grupo.
    Talvez os grupos PET, vinculados e financiados pelo MEC, sejam os que melhor consigam, dentro do âmbito do ensino da graduação, colocar em prática o que seria o ideal da Universidade. Neles, tem-se a presença não de um líder, mas de um orientador, que apenas guia as idéias de alunos interessados na auto-formação.
    Mas o funcionamento desse programa é apenas uma gota de ação dentro de um oceano de comodismo em que vivemos no mundo acadêmico atual.

    ResponderExcluir
  9. Ao ver o filme, nos perguntamos, Será possível? Uma pessoa que se dispõe a liderar e inserir este tipo de idéia antissemita no mundo atual? Depois de tudo que já passamos, depois de toda a história do nosso mundo? Sim, acredito que seja possível, no filme o grupo influenciado trata-se de jovens, numa sociedade não muito diferente da nossa, consumismo, Tv, Games, e para uma boa parte, pouco ou nenhum entendimento do seu papel na hierarquia social, Sim eu vejo a plena possibilidade do renascimento de tais movimentos, vemos volta e meia reportagens em jornais e revistas sobre o assunto, em nosso próprio país. Devemos mudar urgentemente nossa política social, devemos inserir as pessoas, dar uma vida digna, objetivos e metas, e a possibilidade de alcança-las, acredito que uma educação de base sólida seja a chave para fechar a fechadura do preconceito, uma educação que começa em casa e tem o complemento fundamental na escola, da creche à faculdade.
    Um dia Senhores, um dia.

    ResponderExcluir